sábado, 19 de fevereiro de 2022

 

William Oxer


São horas de voltar. Tu já não vens, e a espera

gastou a luz de mais um dia. Agora, quem passar

trará um corpo incerto dentro do nevoeiro,

mas terá outro nome e outro perfume. Eu volto


à casa onde contigo se demorou o verão e arrumo

os livros, escondo as cartas, viro os retratos

para a mesa. Sei que o tempo se magoou de nós,

sei que não voltas, e ouço dizer que as aves

partem sempre assim, subitamente. Outras virão


em março, apago as luzes do quarto, nunca as mesmas.


Maria do Rosário Pedreira