quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

 



O Homem desperta e sai cada alvorada

Para o acaso das cousas… e, à saída, 

Leva uma crença vaga, indefinida, 

De achar o Ideal nalguma encruzilhada…


As horas morrem sobre as horas… Nada!

E ao poente, o Homem, com a sombra recolhida

Volta, pensando: “Se o Ideal da Vida

Não vejo hoje, virá na outra jornada…


Ontem, hoje, amanhã, depois, e, assim, 

Mais ele avança, mais distante é o fim, 

Mais se afasta o horizonte pela esfera;


E a Vida passa… efêmera e vazia:

Um adiantamento eterno que se espera, 

Numa eterna esperança que se adia…


Raul de Leôni