sexta-feira, 23 de julho de 2021



 jurei e juraria até há um minuto atrás que não te voltaria a importunar com

minha existência, amor, mas estive a mentir, como podes agora constatar.

não sei de que loucura se trata, se é assim o amor, só me dá para falhar

qualquer intento que seja o de te esquecer. tanto queria que aqui estivesses a

dizer-me tudo de novo, ainda que mentira fosse mais uma vez.

mais uma vez tudo de novo, como aceitaria recomendar-me esta dor e todo o vexame,

porque já nenhum vexame sinto em coisa alguma e do meu peito, acredita

que to digo, brotou frondosa mulher que nunca vista se viu nestas bandas tão

mesmas de sempre. assim estou, meu sonhado amante.

por favor não me voltes a escrever ignorando quanto te conto. nota que me

curei de males maiores, fiquei só doente de ti, à tua espera, profundamente

confusa mas já feliz. considera o que te digo e fala-me como de antes. fala-me

do que te serviria ainda uma dedicada mulher como eu, e mesmo que te

ajude mulher alguma a quem peças favores outrora tão meus, escreve-me

verdades ou mentiras à medida desta espera, que outra coisa não farei nem

tão só pensarei.

perdoa-me que tenha desfeito tudo quanto me deixaste, como devolvi cartas

e beijos que mandaste, pudesse eu andar para trás, como dizem compete ao

diabo, ainda assim o faria para redimir de tão grave erro meu coração burro

ou só ingênuo.


Valter Hugo Mãe