jurei e juraria até há um minuto atrás que não te voltaria a importunar com
minha existência, amor, mas estive a mentir, como podes agora constatar.
não sei de que loucura se trata, se é assim o amor, só me dá para falhar
qualquer intento que seja o de te esquecer. tanto queria que aqui estivesses a
dizer-me tudo de novo, ainda que mentira fosse mais uma vez.
mais uma vez tudo de novo, como aceitaria recomendar-me esta dor e todo o vexame,
porque já nenhum vexame sinto em coisa alguma e do meu peito, acredita
que to digo, brotou frondosa mulher que nunca vista se viu nestas bandas tão
mesmas de sempre. assim estou, meu sonhado amante.
por favor não me voltes a escrever ignorando quanto te conto. nota que me
curei de males maiores, fiquei só doente de ti, à tua espera, profundamente
confusa mas já feliz. considera o que te digo e fala-me como de antes. fala-me
do que te serviria ainda uma dedicada mulher como eu, e mesmo que te
ajude mulher alguma a quem peças favores outrora tão meus, escreve-me
verdades ou mentiras à medida desta espera, que outra coisa não farei nem
tão só pensarei.
perdoa-me que tenha desfeito tudo quanto me deixaste, como devolvi cartas
e beijos que mandaste, pudesse eu andar para trás, como dizem compete ao
diabo, ainda assim o faria para redimir de tão grave erro meu coração burro
ou só ingênuo.
Valter Hugo Mãe