Santiago Carbonell |
você engole borboletas
eu tenho o sol na barriga
você sempre anda de óculos
eu leio coisas antigas
você vara a noite
eu desenho cataventos
você gosta de ficção
eu tenho outros inventos
você anda desligado
e eu busco perspectivas
você me conta seus sonhos
e me ri e me cativa
eu tenho medo da noite
você ama a solidão
o meu amor se reflete
nas pupilas dos olhos de um cão
você teoriza a matéria
e eu adoro hidrantes
você quer a liberdade
e eu só vivo o instante
a gente faz uma viagem
e vê estrelas cadentes
e eu sonho um mar onde nado
e me afundo contra a corrente
você geme e se revolta
e eu penso no seu beijo
e enquanto você conversa
me dói no corpo o desejo
me arde no corpo o desejo
eu me espreguiço me espicho
e me chego e te provoco
meio anjo meio bicho
você me conta um segredo
eu te mostro um encanto
enquanto você toca flauta
desafinada eu canto
você absorve a paisagem
eu procuro a maravilha
você deixa alguns vestígios
e eu vou seguindo a trilha
você fala em liberdade
e eu me prendo no teu traço
você é abstrato divaga
eu te olho e te embaraço
ando na rua devagar
você corre na avenida
você tem melancolia
eu tenho medo da vida
você fala ao telefone
cercado dos seus amigos
eu passo os dias muito só
e só entendo depois que digo
de repente vem o encontro
sem que a gente entenda o nexo
eu te vejo e me compreendo
e me vejo em teu reflexo
eu te transmito fluidos
de uma forte ligação
e recebo uma corrente
quando pego na tua mão
você tem um magnetismo
eu sou dotado à magia
nossas auras se atraem
por uma questão de energia
você cospe margaridas
tem o mundo nas entranhas
eu fico horas olhando
o orvalho na teia de aranha
e a gente se precisa
como a um aditivo
numa coisa estranha a nós
sem razão e sem motivo
são coisas transcendentais
é inútil que eu lhe diga
você engole borboletas
eu tenho o sol na barriga
eu tenho o sol na barriga
você sempre anda de óculos
eu leio coisas antigas
você vara a noite
eu desenho cataventos
você gosta de ficção
eu tenho outros inventos
você anda desligado
e eu busco perspectivas
você me conta seus sonhos
e me ri e me cativa
eu tenho medo da noite
você ama a solidão
o meu amor se reflete
nas pupilas dos olhos de um cão
você teoriza a matéria
e eu adoro hidrantes
você quer a liberdade
e eu só vivo o instante
a gente faz uma viagem
e vê estrelas cadentes
e eu sonho um mar onde nado
e me afundo contra a corrente
você geme e se revolta
e eu penso no seu beijo
e enquanto você conversa
me dói no corpo o desejo
me arde no corpo o desejo
eu me espreguiço me espicho
e me chego e te provoco
meio anjo meio bicho
você me conta um segredo
eu te mostro um encanto
enquanto você toca flauta
desafinada eu canto
você absorve a paisagem
eu procuro a maravilha
você deixa alguns vestígios
e eu vou seguindo a trilha
você fala em liberdade
e eu me prendo no teu traço
você é abstrato divaga
eu te olho e te embaraço
ando na rua devagar
você corre na avenida
você tem melancolia
eu tenho medo da vida
você fala ao telefone
cercado dos seus amigos
eu passo os dias muito só
e só entendo depois que digo
de repente vem o encontro
sem que a gente entenda o nexo
eu te vejo e me compreendo
e me vejo em teu reflexo
eu te transmito fluidos
de uma forte ligação
e recebo uma corrente
quando pego na tua mão
você tem um magnetismo
eu sou dotado à magia
nossas auras se atraem
por uma questão de energia
você cospe margaridas
tem o mundo nas entranhas
eu fico horas olhando
o orvalho na teia de aranha
e a gente se precisa
como a um aditivo
numa coisa estranha a nós
sem razão e sem motivo
são coisas transcendentais
é inútil que eu lhe diga
você engole borboletas
eu tenho o sol na barriga
Bruna Lombardi, in ""No Ritmo dessa Festa"