segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Em meu ofício ou arte taciturna

Haleh Bryan


 Em meu ofício ou arte taciturna
Exercido na noite silenciosa
Quando somente a lua se enfurece
E os amantes jazem no leito
Com todas as suas mágoas nos braços,
Trabalho junto à luz que canta
Não por glória ou pão
Nem por pompa ou tráfico de encantos
Nos palcos de marfim
Mas pelo mínimo salário
De seu mais secreto coração.

Escrevo estas páginas de espuma
Não para o homem orgulhoso 
Que se afasta da lua enfurecida 
Nem para os mortos de alta estirpe 
Com seus salmos e rouxinóis, 
Mas para os amantes, seus braços 
Que enlaçam as dores dos séculos, 
Que não me pagam nem me elogiam 
E ignoram meu ofício ou minha arte.


Dylan Thomas
(tradução: Ivan Junqueira)