sábado, 2 de novembro de 2013

Andando para o infinito



Sou aos teus pés, como o areal sedento:
A água toda do céu nunca o sacia;
E pode, a noite remendada ao dia,
Cair-lhe de pancada, ou lento e lento.

Sou um faminto a precisar sustento,
Sempre a febre, que o forno acende e cria,
Morda-lhe o seio esplêndido e opulento,
Beba-lhe à boca, um cíato, a ambrosia.

O meu amor trabalha em refazê-la,
Quando a gole ou de vez a vou haurindo...
Creio que engulo estrela sobre estrela,

Feita das carnes do seu corpo lindo:
Já não me afundo em céus: — para contê-la,
Sinto o infinito em mim abrindo... abrindo...


Luís Delfino