Stanislav Sugintas |
Dos seres ímpares ansiamos prole
Para que a flor do belo não extinga,
E se a rosa madura o tempo colhe,
Fresco botão sua memória vinga.
Mas tu, que só com os olhos teus contrais,
Nutres o ardor com as próprias energias
Causando fome onde a abundância jaz,
Cruel rival, que o próprio ser cruciais.
Tu, que do mundo és hoje o galardão,
Arauto de festiva Natureza,
Matas o teu prazer inda em botão
E, sovina, esperdiças na avareza.
Piedade, senão ides, tu e o fundo
Do chão, comer o que é devido ao mundo.
William Shakespeare, em: Os melhores sonetos
Tradução: Ivo Barroso