sexta-feira, 26 de julho de 2013

Despedida



Por mim, e por vós, e por mais aquilo 
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranquilo: 
quero solidão. 

Meu caminho é sem marcos nem paisagens. 
E como o conheces ? - me perguntarão. - 
Por não Ter palavras, por não ter imagem. 
Nenhum inimigo e nenhum irmão. 

Que procuras? 
Tudo. 
Que desejas? 
Nada. 
Viajo sozinha com o meu coração. 
Não ando perdida, mas desencontrada. 
Levo o meu rumo na minha mão. 

A memória voou da minha fronte. 
Voou meu amor, minha imaginação... 
Talvez eu morra antes do horizonte. 
Memória, amor e o resto onde estarão? 

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra. 
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão! 
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão. 


Cecília Meireles