terça-feira, 4 de junho de 2013

Zhang Jingna


digo mais uma vez:


como
se fosses
o vento
passaste
pela minha
vida –


passaste por este bloco apaixonado, primitivo, alucinado, obscuro, rumoroso, desprendido, fatigado, perseverante, abrasado – como se fosses apenas uma visita sutil da brisa irrompeste por este campo silencioso, inquieto, duríssimo, taciturno, abjeto, obstinado, espesso, inventado – como se mais não fosses do que uma fresca brisa matinal visitaste esta pequena ilha cruel, à deriva, transparente, dissolvida no seu sal, estéril, fantástica, humilde, incandescente que foi o meu corpo, o espaço vulnerável do meu comércio.


E abandonaste-me.
Num deserto que não conhecia.
Com uma casa inteira para percorrer com os meus passos por dentro da noite.


Ou fui eu quem te
abandonou?


Casimiro de Brito