O amor!... Um sonho, um nome, uma quimera,
Uma sombra, um perfume, uma cintila,
Que pendura universos na pupila,
E eterniza numa alma a primavera;
Que faz o ninho e dá meiguice à fera,
E humaniza o rochedo, e o bronze, e a argila,
Sem o afago do qual Deus se aniquila
Dentro da própria luminosa esfera.
A música dos sóis, o ardor do verme,
O beijo louco da semente inerme,
Vulcão, que o vento arrasta em tênue pós:
Curvas suaves, deslumbrantes seios
De vida e formas variegadas cheios.
É o amor em nós, e o amor fora de nós.
Luís Delfino
Luís Delfino