quarta-feira, 19 de junho de 2013

O amor




O amor!... Um sonho, um nome, uma quimera, 
Uma sombra, um perfume, uma cintila, 
Que pendura universos na pupila, 
E eterniza numa alma a primavera; 

Que faz o ninho e dá meiguice à fera, 
E humaniza o rochedo, e o bronze, e a argila, 
Sem o afago do qual Deus se aniquila 
Dentro da própria luminosa esfera. 

A música dos sóis, o ardor do verme, 
O beijo louco da semente inerme, 
Vulcão, que o vento arrasta em tênue pós: 

Curvas suaves, deslumbrantes seios 
De vida e formas variegadas cheios. 
É o amor em nós, e o amor fora de nós.


Luís Delfino