quinta-feira, 2 de maio de 2013

Quando fecho a porta

Roman_Frances


Na parede atrás de minha mesa, 
ombro a ombro, 
a menina e seu pai, em dois retratos, 
conversam sobre o que há no escuro 
da noite, como entender o mundo, 
e por que as montanhas eram tão azuis. 
Quando apago a luz e fecho a porta, 
eles riem baixinho desta que hoje sou: 
ainda tão distraída e desassossegada, 
cheia de encantamento, susto e assombro. 
(E devem dizer, meneando as cabeças: 
Parece que ela nunca vai mudar.)


Lya Luft, In Para Não Dizer Adeus