segunda-feira, 8 de abril de 2013

Canção para poder viver

Nikola Borissov Photography

Dou-lhe tudo do que como, 
e ela me exige o último gomo. 

Dou-lhe a roupa com que me visto 
e ela me interroga: só isto? 

Se ela se fere num espinho, 
O meu sangue é que é o seu vinho. 

Se ela tem sede eu é que choro, 
no deserto, para lhe dar água: 

E ela mata a sua sede, 
já no copo de minha mágoa 

Dou-lhe o meu canto louco; faço 
um pouco mais do que ser louco. 

E ela me exige bis, "ao palco"!


Cassiano Ricardo