terça-feira, 23 de abril de 2013

Vladimir Volegov



violetas secas entre páginas de livros
onde em tempos anunciaram o amargor da noite
e a humidade tremenda das insônias

o mar
o mar ao longe

debruça-se então para o interior do livro
lê qualquer coisa sobre o coração dos líquenes
ou deambula de sílaba em sílaba onde
os dedos se mancham de tinta e no cérebro
ergue-se uma planta de cinza noite adiante

fechou o livro ao amanhecer
era como se tivesse envelhecido séculos
com as violetas
fecha a persiana e adormece


Herberto Helder