domingo, 28 de abril de 2013

Bilhete Em Papel Rosa

William Haenraets


Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio. 
Vê estas olheiras dramáticas, 
este poema roubado:
"o cinamomo floresce em frente do teu postigo.
Cada flor murcha que desce,
morro de sonhar contigo." 
Ó bardo, eu estou tão fraca 
e teu cabelo é tão negro, 
eu vivo tão perturbada, 
pensando com tanta força 
meu pensamento de amor, 
que já nem sinto mais fome, 
o sono fugiu de mim. Me dão mingaus, 
caldos quentes, me dão prudentes conselhos, 
eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido, 
a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vidas ligadas
Antônio lindo, meu bem, ó meu amor adorado,
Antônio, Antônio. 
Para sempre tua. 


Adélia Prado