quarta-feira, 3 de abril de 2013

Auto-retrato



Espáduas brancas palpitantes: 
asas no exilio dum corpo. 
Os braços calhas cintilantes 
para o comboio da alma. 
E os olhos emigrantes 
no navio da pálpebra 
encalhado em renúncia ou covardia. 
Por vezes fêmea. Por vezes monja. 
Conforme a noite. Conforme o dia. 
Molusco. Esponja 
embebida num filtro de magia. 
Aranha de ouro 
presa na teia dos seus ardis. 
E aos pés um coração de louça 
quebrado em jogos infantis. 

Natália Correia