sexta-feira, 8 de março de 2013

Cler Raichuk


Grandes mistérios habitam 
O limiar do meu ser, 
O limiar onde hesitam 
Grandes pássaros que fitam 
Meu transpor tardo de os ver.  
São aves cheias de abismo, 
Como nos sonhos as há. 
Hesito se sondo e cismo, 
E à minha alma é cataclismo 
O limiar onde está.  
Então desperto do sonho 
E sou alegre da luz, 
Inda que em dia tristonho; 
Porque o limiar é medonho 
E todo passo é uma cruz.  


Fernando Pessoa