quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Ontem à noite eu estava sentada junto ao fogo e conversando como raramente converso, estonteando Hugo, sentindo-me imensa e surpreendentemente rica, contando histórias e ideias que o teriam divertido. Foi sobre mentiras, os diferentes tipos de mentiras, as mentiras especiais que conto para razões específicas, para melhorar a vida. Uma vez, quando Eduardo estava sendo excessivamente analítico, contei a história de meu amante russo imaginário. Ele ficou fascinado. E por intermédio dessa história transmiti-lhe a necessidade de loucura, a riqueza de emoção que falta a ele, porque ele é emocionalmente impotente. Quando estou com problemas, confusa, perdida, invento a amizade de um velho sábio com quem converso. Falo sobre ele com todo mundo, como ele é, o que disse, o efeito dele sobre mim (alguém em quem se apoiar por um momento), e no final sinto-me fortalecida por minha experiência com o velho sábio e tão satisfeita como se tudo fosse verdade. Também inventei amigos quando os que eu tinha não eram satisfatórios. E como desfruto de minhas experiências! Como elas me contentam, me acrescentam coisas a mim. Ornamento.
Anaïs Nin Henry & June