segunda-feira, 12 de novembro de 2012

As veias abertas da América Latina



O desenvolvimento desenvolve a desigualdade

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Incorporadas desde sempre à constelação do poder imperialista, nossas classes dominantes não têm o menor interesse em averiguar se o patriotismo poderia ser mais rentável do que a traição ou se a mendicância é a única forma possível de política internacional. Hipoteca-se a soberania porque “não há outro caminho”; os álibis da oligarquia confundem interessadamente a impotência de uma classe social com o presumível vazio de destino de cada nação.

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Os pretextos invocados ofendem a inteligência; as intenções reais inflamam a indignação.

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De certo modo, a direita tem razão quando se identifica com a tranqüilidade e a ordem; é a ordem, de fato, da cotidiana humilhação das maiorias, mas ordem em última análise; a tranqüilidade de que a injustiça continue sendo injusta e a fome faminta.

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A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi e contra o que foi, anuncia o que será.


Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina