sábado, 29 de setembro de 2012

Sonnet 66



Tired with all these, for restful death I cry,
As to behold desert a beggar born,
And needy nothing trimmed in jollity,
And purest faith unhappily forsworn,
And gilded honour shamefully misplaced,
And maiden virtue rudely strumpeted,
And right perfection wrongfully disgraced,
And strength by limping sway disabled,
And art made tongue-tied by authority,
And folly, doctor-like, controlling skill,
And simple truth miscalled simplicity,
And captive good attending captain ill:
Tired with all these, from these would I be gone,
Save that, to die, I leave my love alone.


William Shakespeare


***


Farto de tudo, imploro a morte sossegada
Quando vejo o valor vestido como um pobre
E com luxo trajado o miserável nada,
E perjurada, por desgraça, a fé mais nobre,
E vergonhosamente a honra mal situada,
E a virginal virtude em lama prostituída,
E por coxo exercício a força invalidada,
E a justa perfeição do apreço decaída,
E julgando a perícia a doutoral tolice,
E atando a língua da arte o arbítrio oficial,
E a mais simples verdade achada parvoíce,
E o bem seguindo preso o comandante mal:
    Farto, eu queria estar já morto e descansado,
    Se não deixasse o meu amor abandonado.


                      Tradução: Péricles Eugênio