domingo, 2 de setembro de 2012
Jack Kerouac, Viajante solitário
Que vitória, a vitória de Cristo! Vitória sobre a loucura; a doença da espécie humana. “Matem-no!”
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Cristo em Sua agonia, rogai por mim.
A estátua mostra Seu corpo pendendo da cruz pelas mãos pregadas, com a perfeita inclinação do corpo dada pelo artista, escultor devoto que trabalhou com todo seu coração, com a compaixão e tenacidade de um Cristo – um meigo, quem sabe índio, católico espanhol do século 15, entre ruínas de adobe e barro e a fétida fumaça de meio milênio indígena na América do Norte, vislumbrou esse statuo del Cristo e o instalou na nova igreja que, hoje, na década de 50, passados quatro ou cinco séculos, partiu parte do telhado onde algum Michelangelo espanhol pintou querubins e figuras angelicais para a inspiração dos que olhavam para o alto nas manhãs dominicais enquanto o bondoso padre explicava detalhes das leis religiosas.
Jack Kerouac, Viajante solitário