domingo, 30 de setembro de 2012

Dan Brown, O símbolo perdido


Durante séculos, as "mentes mais brilhantes" da Terra haviam ignorado as ciências antigas, zombando delas como se fossem superstições ignorantes, armando-se em vez disso de um ceticismo arrogante e de novas espantosas tecnologias - ferramentas que só faziam afastá-las mais da verdade. Os avanços de cada geração são desmentidos pela tecnologia da geração seguinte. Assim havia sido por muitos séculos. Quanto mais o homem aprendia, mais se dava conta de sua ignorância.
Por muitos milênios, a humanidade vinha tateando no escuro... mas agora, como estava escrito na profecia, havia mudanças no ar. Depois de avançar às cegas pela história, a humanidade chega a uma encruzilhada. Esse momento tinha sido previsto havia muito tempo, profetizado pelos textos antigos, calendários primevos e até mesmo pelas estrelas. A data era específica, sua chegada, iminente. Ela seria precedida por uma brilhante explosão de conhecimento... um clarão de luz para iluminar a escuridão e dar à humanidade uma última chance de se desviar do abismo e seguir o caminho da sabedoria."

Capítulo 14, p. 59-60

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A tese geral era simples: Nós não chegamos nem perto de usar todo o potencial de nossas mentes e nossos espíritos.
Experiências conduzidas em instalações como o Instituto de Ciências Noéticas (ICN) da Califórnia e o Laboratório de Pesquisas de Anomalias da Engenharia (LPAE) de Princeton haviam provado categoricamente que o pensamento humano, quando adequadamente direcionado, tem a a capacidade de afetar e modificar a massa física. Essas experiências não eram truques de salão do tipo “entortar colheres”, mas sim investigações altamente controladas que produziam todas o mesmo resultado extraordinário: nossos pensamentos de fato interagem com o mundo físico, quer saibamos disso ou não, dando origem a mudanças que abrangem até o domínio subatômico.
A mente domina a matéria.
Em 2001, nas horas que se seguiram aos terríveis acontecimentos de 11 de setembro, o campo da ciência noética deu um salto quântico. Quatro cientistas descobriram que, à medida que o mundo amedrontado se unia e se concentrava em uma consternação coletiva em torno dessa tragédia específica, as leituras de 37 Geradores de Eventos Aleatórios diferentes espalhados pelo mundo de repente se tornaram significativamente menos aleatórias. De alguma forma, a unicidade dessa experiência compartilhada, a união de milhões de mentes, havia afetado a função de aleatoriedade dessas máquinas, organizando suas leituras e criando ordem a partir do caos.
Essa descoberta chocante parecia estar relacionada à antiga crença espiritual em uma "consciência cósmica" - uma vasta união de intenções humanas que, na verdade, teria a capacidade de interagir com a matéria física. Recentemente, estudos sobre meditação e prece coletivas produziram resultados similares em Geradores de Eventos Aleatórios, contribuindo para a afirmação de que a consciência humana, como a descrevia a autora especializada em noética Lynne McTaggart, é uma substância externa aos limites do corpo... uma energia altamente ordenada capaz de modificar o mundo físico.  (...)
A partir dessa base, a pesquisa de Katherine Solomon dera um salto adiante, provando que o 'pensamento direcionado' pode afetar literalmente qualquer coisa - a velocidade do crescimento das plantas, a direção em que os peixes nadam dentro de um aquário, a forma como as células se dividem em uma placa de Petri, a sincronização dos sistemas automatizados separadamente e as reações químicas do corpo de uma pessoa.(...)
O pensamento humano pode literalmente transformar o mundo físico.
À medida que os experimentos de Katherine iam ficando mais ousados, os resultados se tornavam mais espantosos. Seu trabalho naquele laboratório  havia provado sem qualquer sombra de dúvida que a expressão 'a mente domina a matéria' não é apenas um mantra de autoajuda da Nova Era. A mente é capaz de alterar o estado da matéria em si e, mais importante, possui o poder de incentivar o mundo físico a se mover em uma direção específica."(...)
Nós somos os mestres de nosso próprio universo.
(...)
"No entanto, o aspecto mais surpreendente do trabalho de Katherine tinha sido a descoberta de que a capacidade da mente de afetar o mundo físico pode ser  aumentada por meio da prática. A intenção é uma habilidade adquirida. Como na meditação, controlar o verdadeiro poder do 'pensamento' exige treinamento. Mais importante ainda... algumas pessoas nascem com mais aptidão para fazer isso do que outras. E, ao longo da história, alguns indivíduos se tornaram verdadeiros mestres."
Esse é o elo perdido entre a ciência moderna e o misticismo antigo."

Capítulo 15, p. 60-62


Dan Brown, O símbolo perdido
Editora Sextavante, trad. Fernanda Abreu