Ar
É da liberdade destes ventos
que me faço.
Pássaro-meu corpo
(máquina de viver),
bebe o mel feroz do ar
nunca o sossego.
Fogo
Dar-me toda este verão
urdideiros de rio, é ser
serpente de prata. Verão,
foi feita mais uma vítima
Sou um ser marcado, natureza.
A tarde crava em meu magma
o selo de sua secreta pata.
Terra
em golfadas envolve-me toda,
apagando as marcas individuais,
devora-me até que eu
não respire mais.
Balanço
Olho teu rosto como imagem
parada um instante
refletida no profundo fundo
de um poço.
E da memória
não me interessa mais que isto
Olga Savary