terça-feira, 1 de maio de 2012

Mãe, ensina-me

imagem: Boris Geer


 - Mãe, pode o céu ser vermelho?
 - Não, princesa... O céu costuma sempre ser azul...
 - Mãe, aquele outro moço bonito de barba é um "mau poeta"?
 - A que moço te referes, princesa?
 - Ao Affonso Romano de Sant Anna... Ele disse:
 "Se eu dissesse que o crepúsculo está coalhado de sangue diriam que isto é uma banalidade que   só um mau poeta ousa escrever. E, no entanto, o crepúsculo está coalhado de sangue.
 Não só o crepúsculo, também a alvorada. E quanto a isto não há muito que se possa fazer"
 - E o céu está mesmo coalhado de sangue... ele é um mau poeta?
 - Não Princesa, ele é um excelente poeta... o céu está mesmo coalhado de sangue e quanto a isto não podemos fazer nada...
 - Mãe, o que é crepúsculo?
 - Crepúsculo princesa, é aquela luz, fraquinha, tenra, de quando o sol já se foi...
 - Quer dizer mãe, que o crespúsculo anuncia a noite escura?
 - Sim princesa, mas também é aquela luz fraca que aos poucos vai tomando força antes da manhã brilhante de sol...
 - Mãe, quanto tempo pode durar a noite?
 - A noite princesa, pode durar 4 anos, ou apenas o momento exato de um abrir e fechar de olhos...
 - Agora dorme, Princesa...
 - Mãe, posso ouvir aquela música do... Barão... (Vermelho)?
 - Podes Princesa, podes ouvir a música que quiseres...
 (Sorrisos ternos)
 "O bem que você me fez, nunca foi real
 Das sementes mais lindas nasceram flores do mal
 A mesma mão que acaricia, fere e sai furtiva
 Faz do que é bom uma história triste..."


Quisera Jardins de Oliveira
Mãe, ensina-me