imagem: Ninho Marchini |
Escrevo de memória.
A infância é um bolo
Na garganta
E a dor de dividir-se
Nos espelhos.
Que foi feito de mim,
Daquela estória
Que eu me contei um dia
E que perdi?
Escrevo sempre à noite;
Pela manhã apago
E recomeço.
É tão difícil viver,
É tão de açoite
O vento nas vidraças!
É abril e chove
E a terra morta
Onde o lilás floresce
É minha pátria agora,
Meu destino. Insula.
Myriam Fraga