Delphin Enjolras |
Para reproduzir o donaire sem-par
Desse alvo rosto e desse irônico sorriso
Que desconcerta e prende e atrai, fora preciso
A mestria de Helleu, de Boldini ou Besnard;
Luz faiscante malícia ao fundo desse olhar,
E há mais do inferno ali do que do paraíso...
O amor é tão-somente um pretexto de riso
Para esse coração flutuante e singular.
Flor de perfume raro e de esquisito encanto,
Ela zomba dos que (pobres deles!) sem cor
Vão-lhe aos pés ajoelhar ingenuamente... Enquanto
Alguém não lhe magoar a boca de veludo...
E não a fizer ver, por si, que isso de amor
No fundo é amargo e triste e dói mais do que tudo.
Manuel Bandeira