quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Havres de Paix, de Hélène Béland


Apesar do céu
Nenhuma palavra é dita assim, fácil.
É preciso
Arrancá-la da pele.

Tirar o sangue
Do seu sentido.
Não ter medo
De sua veia aberta.

Ninguém escreve uma palavra assim, fácil.
O espelho de uma letra
Nem sempre mostra
A beleza de seu reflexo.

E é preciso saber olhar
O rosto disforme
Do que sentimos.

Para contá-lo.

E ao contá-lo
É preciso reconhecê-lo.

E estamos lhe oferecendo

A eternidade.

E é provável
Que ele sempre volte.

E nos será cobrado recebê-lo.

Escrever nunca é fácil.
É mais um traço.

Na parede de um condenado.


Everton Behenck