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Leonid Afremov |
Ardor em firme coração nascido,
pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido;
tu, que em um rosto corres desatado:
quando fogo, em cristais aprisionado;
quando cristal em chama derretido:
Se és fogo, como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
mas aí, que andou Amor em ti prudente!
Pois, para temperar a tirania,
como quis que aqui fosse a neve ardente,
permitiu parecesse a chama fria.
Gregório de Matos