segunda-feira, 27 de junho de 2011



À altura do teu rosto
os meus olhos habitam no silêncio brilhante.
Não olho: no côncavo vazio recebo-te
igual a ti, a teu lado,
teu rosto me alimenta de fraterno orvalho.

Tu modelas-me no antigo carinho das únicas coisas preciosas,
refazes-me na transparência fraternal,
dás-me a forma translúcida da vida,
a sede luminosa em que tudo se renova.


António Ramos Rosa, in O Teu Rosto