domingo, 1 de maio de 2011

Bem pode ser...

dimitar voinov junior

Bem pode ser que tudo o que em meu verso hei sentido
Não seja mais que aquilo que nunca pôde ser,
Não seja mais do que algo vedado e reprimido
De família em família, de mulher em mulher.

Dizem que nos solares dos meus, sempre medido
Estava tudo aquilo que se tinha a fazer...
Silenciosas dizem que as mulheres hão sido
Em meu materno lar. Ah, sim, bem pode ser...

Às vezes minha mãe terá sentido o anseio
De liberar-se, e logo viu subir-lhe do seio
Uma funda amargura, e na sombra chorou.

E tudo de mordaz, vencido, mutilado,
Tudo o que se encontrava em sua alma guardado,
Creio que sem querer fui eu quem libertou.

(Tradução de José Jeronymo Rivera)


Bien Pudiera Ser...

Pudiera ser que todo lo que en verso he sentido
No fuera más que aquello que nunca pudo ser,
No fuera más que algo vedado y reprimido
De familia en familia, de mujer en mujer.

Dicen que en los solares de mi gente, medido
Estaba todo aquello que se debía hacer...
Dicen que silenciosas las mujeres han sido
De mi casa materna... Ah, bien pudiera ser...

A veces en mi madre apuntaron antojos
De liberarse, pero se le subió a los ojos
Una honda amargura, y en la sombra lloró.

Y todo eso mordiente, vencido, mutilado,
Todo eso que se hallaba en sua alma encerrado,
Pienso que sin quererlo lo he libertado yo.


Alfonsina Storni