quarta-feira, 13 de abril de 2011

by Fabio Palozzo

Nos ramos claros das tílias,
Fenece um grito doentio de rendição.
Canções espirituais esvoaçam
No meio das groselhas, todavia.
Que o sangue nos ria pelas veias,
Eis que as vinhas se emaranham.
O céu parece um anjo, de bonito,
O azul celeste e a onda estão concordes.
Saio para a rua. Se um raio me ferir,
Cairei ali mesmo, sobre a erva.

Ter paciência, e sentir tédio
É simples em demasia. Minhas dores! Bolas!
Eu quero que o verão dramático
Me leve na carroça da sua fortuna.
Que por ti, ó Natura - Ah!, menos só
E menos medíocre! -, muito eu morra.
Quando pelo contrário - tem piada -, só há quase
Pastores a morrer por esse mundo fora.

Não me importo que as estações me gastem.
A ti, ó Natureza, eu rendo-me;
Com toda a minha sede e toda a minha fome.
E, se te aprouver, alimenta, estanca a sede.

Não há nada que me cause ilusões;
Rir para o sol é como rir dos antepassados,
Mas eu não quero rir de nada;
E livre seja este infortúnio.


Arthur Rimbaud