estamos a ouvir o som da pele desta mulher.
detenhamos a cor e o cheiro como pétalas,
o sabor a que uma palavra se transmuda se,
despindo peça a peça o véu que a cobre,
uma mão nos beija.
e deitemos esse beijo no seu corpo
como um corpo maior que o dela,
façamos o beijo percorrê-la
na extensão da sua brevidade,
como se lhe gerássemos um filho.
pensemos que há um ponto,
na sua geografia pessoal,
ou naquela que nos for permitido tocar,
que arde numa veia,
e que o vermelho a que chegamos,
se para tanto nos der o fluxo sanguíneo,
é já um rubor de face mal pronunciado.
Alice Macedo Campos