quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Quando eu fico a idealizar a imagem de um leitor perfeito, acaba surgindo sempre um monstro de coragem e curiosidade, e além disso algo flexível, cheio de manhas, precavido, um aventureiro nato, um descobridor. Por fim: eu não saberia dizer melhor a quem eu me dirijo, no fundo, do que Zaratustra o disse: para quem, apenas, ele quer narrar seu enigma?
- A vós, os que buscam com ousadia, a vós, os que tentam, a todos que um dia se lançaram ao mar terrível com suas velas cheias de manha,
- A vós, os bêbados-de-enigmas, os alegres-do-lusco-fusco, cuja alma é atraída por flautas a todo abismo enganador:
- A vós, que não quereis tatear e busca de um fio com mão covarde: onde vós podeis adivinhar, ali odiais calcular...
Friedrisch Nietzche, Ecce Homo