quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ALejandro-Rosemberg-Lilen-detail


E isenta ficarei dos antigos amados
Que, pela Lua cheia, em rápidas sortidas
Ainda vêm me atirar flechas envenenadas
Para depois beber-me o sangue das feridas.

E assim serei intacta, e assim serei tranquila
E assim não sofrerei da angústia de revê-los
Quando, tristes e fiéis como lobos no cio
Se puserem a rondar meu castelo de estrelas.

Farta de saber ler, saberei ver nos astros
A brilharam no azul da abóboda no Oriente
E beijarei a terra , a caminhar de rastros
Quando a Lua no céu contar teu rosto ausente.

Eu te protegerei contra o Íncubo
Que te espreita por trás da Aurora acorrentada
E contra a legião dos monstros de Poente
Que te querem matar, ó impossível amado!



Vinícius de Moraes