"uma pergunta (desde sempre pululando) me assalta: é possível viver isso com alguém que não saiba sentir assim? Ou: as pessoas que não escrevem/não percebem assim o mundo e os sentimentos poderão ser astros principais desses scripts que a gente inventa e quer?" (Nálu Nogueira)
um medo me assalta na resposta e eu paro um pouco.
se lhe digo: não é possível / não podem
minto pra mim e pra você.
pra todos nós, pra você e pra mim,
a resposta que tenho e sinto: sim.
amamos no outro o que nos falta e nos completa?
quem quiser que pense assim.
amamos no outro o buscar da mesma meta?
menos ruim.
amamos o outro porque nele nos outramos
e ao mesmo tempo nos fundimos. nele somos.
o outro, que não sente como sentimos,
sente o que sentimos.
e não pergunta se sentimos menos
só porque não sentimos como ele.
ele sente e basta.
a gente sente e escreve.
em que o escrever sente mais do que o bastar?
pensemos: eu amo e preciso dizer,
o outro ama e não precisa falar.
: amamos o outro porque amamos.
e o outro, que nos ama, ama ouvir,
pois é como se dissesse,
esses scripts que a gente inventa e quer.
Antoniel Campos