quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011



Por ti junto a los jardines recién florecidos me duelen
los perfumes de primavera.

He olvidado tu rostro, no recuerdo tus manos,
¿cómo besaban tus labios?

Por ti amo las blancas estatuas dormidas en los parques,
las blancas estatuas que no tienen voz ni mirada.

He olvidado tu voz, tu voz alegre.
He olvidado tus ojos.

Como una flor a su perfume, estoy atado a tu recuerdo impreciso.
Estoy cerca del dolor como una herida, si me tocas me dañarás irremediablemente.

Tus caricias me envuelven como las enredaderas a los muros sombríos.
He olvidado tu amor y sin embargo te adivino detrás de todas las ventanas.

Por ti me duelen los pesados perfumes del estío:
Por ti vuelvo a acechar los ginos que precipitan los deseos,
las estrellas en fuga, los objetos que caen.

Pablo Neruda

***

Por ti, junto dos jardins recém-florescidos afligem-me os perfumes da Primavera.
Esqueci o teu rosto, não recordo as tuas mãos, como beijavam os teus lábios?
Por ti, amo as alvas estátuas adormecidas nos parques que não têm voz nem olhos.
Esqueci a tua voz alegre, esqueci os teus olhos.
Como uma flor ao seu perfume, estou ligado à tua recordação imprecisa.
Estou perto da dor como uma ferida, se me tocares, magoar-me-ás irremediavelmente.
Envolvem-me as tuas carícias como trepadeiras às paredes sombrias.
Esqueci o teu amor e, não obstante, adivinho-te por detrás de todas as janelas.
Por ti, afligem-me os pesados perfumes do Estio: por ti,
torno a vislumbrar os sinais que precipitam os desejos,
as estrelas em fuga, os objetos que caem.



Pablo Neruda