sábado, 13 de novembro de 2010

Interrogação

alexanrina_karadjova

Neste tormento inútil, neste empenho
De tornar em silêncio o que em mim canta,
Sobem-me roucos bardos à garganta
Num clamor de loucura que contenho.

Ó alma da charneca sacrossanta,
Irmã da alma rútila que eu tenho,
dize para onde eu vou, donde é que venho
Nesta dor que me exalta e me levanta!

Visões de mundos novos, de infinitos,
Cadências de soluços e de gritos,
Fogueira a esbrasear que me consome!

Dize que mão é esta que me arrasta?
Nódoa de sangue que palpita e alastra…
Dize de que é que eu tenho sede e fome?!

Florbela Espanca