quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Entrega os teus lábios ao poema. Eu nunca serei único
pastor do teu silêncio; verás tresmalhados os meus versos
nas páginas de um dicionário, dispersos por noturnas
paisagens deserdadas. Falo-te da eternidade, mas sei apenas
que habitamos plataformas movíveis em clivagens ontológicas.

Somos na verdade, realidades imersas numa insônia prolongada
em que colecionamos coisas obsoletas como cartas de amor.

José Rui Teixeira