|  | 
| Tair Zairov | 
A Manuel Bandeira 
Quando eu estiver mais triste 
mas triste de não ter jeito, 
quando atormentados morcegos 
– um no cérebro outro no peito – 
me apunhalarem de asas 
e me cobrirem de cinza, 
vem ensaiando de leve 
leve linguagem de flores. 
Traze-me a cor arroxeada 
daquela montanha – lembra? 
que cantaste num poema. 
Traze-me um pouco de mar 
ensaiando-se em acalanto 
na líquida ternura 
que tanto já me embalou.
Meu velho poeta canta 
um canto que me adormeça 
nem que seja de mentira.
Olga Savary