domingo, 29 de agosto de 2010

O sono


Nas horas da noite, se junto a meu leito
Houveres acaso, meu bem, de chegar,
Verás de repente que aspecto risonho
Que toma o meu sonho,
Se o vens bafejar!

O anjo, que ao sono preside tranqüilo,
Ao anjo da terra não ceda o lugar;
Mas deixe-o amoroso chegar ao meu leito,
Unir-me a seu peito,
D'amor ofegar.

As notas que exalam as harpas celestes,
Os gozos, que os anjos só podem gozar,
Talvez também frua, se ao meu peito unido
T'encontro, ó querida,
No meu acordar!

Gonçalves Dias