domingo, 29 de agosto de 2010


Fui monja
vestida de negro
em labirinto azul.

Antes do Ser
havia um homem
consciente
destruindo o lirismo
das minhas madrugadas.

Estava presente
nas conversas dos bares
solitárias histórias.
Estava presente
na fusão dos homens medíocres
e dos homens sem cor.

Em azul e negro
eu vi o esboço
de um caso triste,
aquele doido
procurando as mãos.
As mãos que deixara
sobre alguma mesa
de mármore azulado
em algum labirinto azul.

Morreu o mundo das monjas.
Morreu o mundo das mãos.
Sou doida desfigurada
procurando mãos
mergulhadas em azul.

Sou quase morta
no descanso estéril
da cor negra.


Hilda Hilst