domingo, 25 de julho de 2010


Nuvens dos olhos meus, de altas chuvas paradas,
- por chãos de adeuses vão-se os dias em tumulto,
em noites ermas e saudades longe morre.

Sem testemunha vão passando as horas belas.
Tudo que pôde ser vitória cai perdido,
Sem mãos, sem posse, pela sombra, entre os planetas.

Tudo é no espaço - desprendido de lugares.
Tudo é no tempo - separado de ponteiros.
E a boca é apenas instrumento de segredos.

Por que esperais, olhos severos, grandes nuvens?
Tudo se vai, tudo se perde, - e vós, detendo,
num preso céu, fora da vida, as águas densas

de inalcançáveis rostos amados!

Cecilia Meireles