terça-feira, 27 de julho de 2010

Deusa

Goyo Dominguez.


O seu pescoço esplêndido e robusto 
Implantado às espáduas fortemente, 
Presta-lhe um ar olímpico e imponente; 
De Vênus dá-lhe gesto altivo e augusto; 

E sustém-lhe a cabeça bela: é justo, 
Porque dos deuses vem; e se presente 
No andar, na voz, no riso negligente: 
Mete em tudo, que a cerca, estranho susto: 

Tão grande e superior ela parece, 
Que não é muito a admiração e o espanto: 
Segue-se ao espanto o amor, ao amor a prece. 

És tu, Helena, a deusa, o enleio, o encanto: 
É de ti, que em mim só, todo um céu desce: 
A ti meus olhos, como a um céu, levanto...


Luís Delfino