"Aí onde você é terno,
você diz seu plural."
Roland Barthes
Permaneçam nossos corpos lado a lado,
possuindo-se sem posses noite adentro.
Saciando-se do intento desejado,
que é o sentido de estar dentro, sem ser dentro.
Seja grito o que se passe por calado,
e o que passe por tangência seja centro.
Mais me queiras quanto menos eu for dado,
e eu por ter-te, sem que a tenha, me concentro.
— Se a possuo, nem na posse permaneço.
O prazer é imediato. Deliqüesço.
E o que eu trago para ti guarda lonjura.
Fica assim, que assim te tenho sempre e tanto.
Já nem pego e já nem falo: sinto e canto.
Contra a sede do fugaz bebo a ternura.
Antoniel Campos