sábado, 1 de maio de 2010


O ouro do mais fundo está em ti.
Em mim, as coisas breves tomam corpo
E uma saga de bronze no meu ombro
A cada dia se transforma em chaga.
Um sol que se contraí sobre o meu rosto.
Aves de que não sei a sombra, vi-as
Na manhã quando o amor era chama
Mas num sopro perdi-as
E é grande agonia o que era gozo.
Guia-me complacência. Que o instante
Não se afaste de mim, antes padeça
Desse meu existir e eu não me perca.

Hilda Hilst