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| Guiding Light, de Toni Grote | 
Ouvia-se o barulho do mar à noite.
Talvez não estivesse ninguém na  praia (que
poderia alguém estar a fazer, numa praia,
à noite?) -  mas
era como se o barulho do mar  tivesse, por trás,
as vozes de alguém que contasse uma história
de viagens e de ventos.
as vozes de alguém que contasse uma história
de viagens e de ventos.
Onde  se estava bem, no entanto,
era dentro de casa, onde o barulho do mar
parecia  trazer as conversas de alguém,
na praia, com o vento. É verdade
que  a janela  estava aberta e, por trás
do muro de pedra e das  árvores,
a luz de um candeeiro chegava até à praia
onde não devia estar ninguém, nessa noite
de ondas e de vento.
a luz de um candeeiro chegava até à praia
onde não devia estar ninguém, nessa noite
de ondas e de vento.
Podia ser o tempo  das férias com efeito,
era o tempo em que se tinha férias
sem se  saber bem qual a distinção entre o tempo de férias
e o outro tempo. O  que se sabia, por outro lado, era
se estava alguém na praia ou não  e, de noite,
ninguém devia estar na praia, embora o vento trouxesse
um  ruído de conversas que se confundia com o barulho
do vento.
Nuno  Júdice
