quinta-feira, 22 de abril de 2010

Por que nunca mais escrevi um poema meia-boca


A tua boca cheira a vinho honesto
(nem carecia o corpo a sabonete...),
tal se nos lábios trouxesse um Moet
Chandon. A boca é mais que gosto: é gesto.

Pode dizer o que eu já sei: não presto!
não sei de culpa em te querer banquete,
e em tua boca — tela e cavalete —
dizer as cores desse manifesto:

à meia boca (em vez de boca inteira)
é bem melhor pra se fazer parceira
parte que beija da parte que diz.

:se só te beijo ou só te falo, é pouco:
quero o sabor e o teu gemido rouco.
À meia boca nada é por um triz.

  
Antoniel Campos