sábado, 3 de abril de 2010

Dentro da noite


Dentro da noite a vida canta
E esgarça névoas ao luar...
Fosco minguante o vale encanta.
Morreu pecando alguma santa...
A água não pára de chorar.

Há um amavio esparso no ar...
Donde virá ternura tanta?
Paira um sossego singular
Dentro da noite...

Sinto o meu vilão vibrar
A alma penada de uma infanta
Que definhou do mal de amar...
Ouve... Dir-se-ia uma garganta
Súplice, triste a soluçar
Dentro da noite...

Manuel Bandeira