segunda-feira, 29 de março de 2010

A Canção

lena sotskova

Era a flor da morte
E era uma canção…


Tão linda que só se poderia ler dançando.
E que nada dizia
Em sua graça ingênua
Dos subterrâneos êxtases e horrores em que estavam mergulhadas as suas raízes…

Mas estava fragilmente pintada sobre o véu do silêncio
Onde a morte jazia com os seus cabelos esparsos
Com os seus dedos sem anéis
Com os seus lábios imóveis
E que talvez houvessem desaprendido para sempre até as sílabas com

que outrora pronunciavam meu nome…
Onde a morta jazia, na sua misteriosa ingratidão!
Era uma pobre canção,
Ingênua e frágil,
Que nada dizia…


Mario Quintana