terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Ilustração de Roberto Ferri


As recordações são sempre torturantes, quer sejam alegres ou melancólicas. Pelo menos é o que me acontece com as minhas… Entretanto, esse tormento vem sempre acompanhado de uma certa medida de prazer. E quando a melancolia nos assalta e o coração nos parece pesado, quando nos sentimos magoados e tristes, as recordações servem-nos de lenitivo e vivificam-nos, tal como o fresco orvalho que, depois de um dia cálido, refrigera pelas tardes úmidas as pobres flores amolentadas pelo ardor do sol, comunicando-lhes uma nova vida.


Fiodór Dostoiévski, in “Pobre Gente”