sábado, 30 de janeiro de 2010

Papoulas de julho



Papoulas pequeninas, pequeninas chamas do inferno,
Vocês não fazem nada de mal?

Bruxuleiam. Não posso pegá-las.
Ponho as mãos entre as chamas. Sem queimar.

E me exaure olhá-las
Bruxuleando, vermelho vivo e rugoso como mucosa de uma boca.

Uma boca em hemorragia.
Babados hemorrágicos!

Há fumaças impalpáveis para mim.
Onde os teus narcóticos, tuas nauseantes cápsulas?

Ai se eu sangrasse ou dormisse! —
Se minha boca desposasse uma ferida assim!

Ou seus extratos levigassem a mim nessa cápsula de vidro,
Entorpecendo e aquietando.

Mas sem cor. Sem cor.


Sylvia Plath